7.8.10
a volta para casa
acordou sem saber onde estava. estranhou no armário as roupas da mulher que não lembrava ter sido. na cozinha, não reconheceu os pratos e utensílios que já tinham participado do seu cotidiano. no espelho do banheiro, refez as sobrancelhas dos olhos que teimavam não reconhecer nem mesmo os vincos na face que agora ostentava. puxava os fios com a pinça, querendo conferir contorno e clareza também àquilo que os olhos avistavam. o cérebro, ela lavou na pia, na esperança de que anseios e incertezas escorressem pelo ralo. não escorreram.
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